segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Emergências médicas, um verdadeiro "pé diabético"

Fonte : Adolfo Paraíso, membro do Conselho Fiscal da FENAM e presidente do Sindicato dos Médicos do Maranhão

Quem trabalha em serviços de urgência e emergência deve se deparar com um número significativo de pacientes diabéticos e hipertensos, que ocupam os leitos, as macas, as cadeiras e o chão dos hospitais. Nenhuma novidade nisso, assim como a causa que se traduz na falha da atenção primária dos programas do hipertenso e diabético, reforçada pela ausência de unidades de saúde com o perfil adequado para dar continuidade a esse tipo de tratamento.

O problema é que, uma vez internado no local errado (pronto-socorro) e sendo tratado pelo profissional errado, o "pé diabético" não melhora e a consequência é o aumento do tempo de internação, elevação dos custos e, o pior, na maioria das vezes o desfecho é a amputação do membro por não se conseguir encaminhar o paciente para a revascularização, quando ele não chega a óbito.

Assim são as nossas emergências médicas: um verdadeiro "pé diabético". Não adianta aumentar o número de leitos ou macas, fazer triagem e implantar fluxograma de atendimentos. O problema é sistêmico e deve ser encarado dessa forma. A emergência médica é apenas a primeira unidade a entrar em pane.

Ou conscientizamos o gestor a adotar medidas pré e pós-hospitalares, no sentido de equalizar o problema, ou cada vez mais vidas que ficam sem acesso ao sistema terão de ser "amputadas" e, com isso, iremos conviver com a culpa de produzir sequelados em série.

A medida mais importante para reverter esse quadro caótico passa pela fixação do médico no local de trabalho. Mas para que isso aconteça, é preciso corrigir a miopia administrativa dos gestores, que insistem em não enxergar o Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos - PCCV - da FENAM.

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