terça-feira, 29 de abril de 2008

Dengue: a absurda afronta

Por: Dr. Clóvis Abrahim Cavalcanti, colaborador

Há muito tempo o nosso Sindicato está denunciando a volta de inúmeras doenças erradicadas, entre elas a hanseníase, a tuberculose e a dengue. Lamentavelmente, nossos avisos e advertências foram negligenciados pelas autoridades competentes.

A mídia, ajudando a todos, publicou diversas matérias para a prevenção da epidemia de dengue anunciada, que chegou ceifando preciosas vidas, mas o clamor médico foi novamente ignorado. Primeiro, disseram que não existia epidemia, mas depois de inúmeros casos confirmados laboratorialmente e com os óbitos, finalmente, mas muito tarde, em cena teatral, “solicitaram” que os mosquitos fossem para o alto mar.

Como foi abandonada a profilaxia da dengue, que deve ser feita o ano todo e todo o ano, num desespero eleitoreiro, jogando com inverdades, tentaram colocar a culpa da incompetência administrativa e do caos nos serviços públicos de saúde nos Médicos, que, mesmo sem qualquer condição de trabalho e com aviltantes salários, continuam fazendo milagres com idealismo, sem hipocrisias e sem inverdades.

Com o recrudescimento da epidemia e o número das mortes aumentando e mantendo o mesmo salário indigno para os médicos do Estado, em confronto, oferecem de 4 a 8 mil reais, mais passagens e hospedagens a colegas de outros estados, sem experiência no tratamento da dengue.

Mas por qual razão não pagam aos médicos do nosso Estado maiores salários, se podem remunerar os de outros? Por qual razão não param com o jogo na mídia e colocam a rede pública com equipamentos e medicamentos para o atendimento com dignidade a todos?

É bom lembrar que só com o nosso poderoso voto e cobrança poderemos modificar o perverso quadro da saúde pública e os absurdos salários pagos aos médicos, que, mesmo sem condições, continuam trabalhando na arte de curar.