por Dr. Rodrigo de Oliveira Rodrigues*
Confira o artigo especial para o Dia do Médico, 18, do médico urologista, Rodrigo de Oliveira Rodrigues.
Apesar de todas as dificuldades e descontentamentos do exercício da profissão de médico, frente aos planos de saúde e as condições exaustivas de trabalho, me realizo todos os dias nessa profissão.
A medicina, como ciência milenar, é da maior grandeza em seu conteúdo de informações e admirável na beleza do estudo das funções e das fraquezas do corpo humano.
Consiste realmente em uma área única do conhecimento, completa em sua essência.
Como atividade profissional traduz-se na responsabilidade de lidar com seres humanos, muitas vezes nas frágeis condições, como enfermos, buscando curar-lhes as doenças e preservar-lhes a saúde.
Considero que a qualidade do bom médico vai muito além do conhecimento técnico-científico da medicina, consistindo na postura de um ser humano compreensível, benevolente, cúmplice e honesto sempre para com seus pacientes, acima de quaisquer benefícios.
Portanto o que me contenta em ser médico é me sentir útil e importante como pessoa, ao ser reconhecido por um paciente, agradecido a alguém que o ajudou a ficar curado e saudável de novo.
*Dr. Rodrigo de Oliveira Rodrigues é médico urologista, formado pela Universidade Federal de Uberlândia, com pós-graduação em cirurgia geral e urologia pela mesma instituição.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
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Um comentário:
Esta é a palavra certa, desabafo. Não existe outro sentimento mais adequado de alguém que pertencente a classe, também se vê completamente acuado e desvalorizado pelo governo e ate mesmo pela maioria da população, que por incrível que pareça, tentamos ajudar todos os dias. O descaso já ta chegando a um nível tal que hoje somos vistos como profissionais que parecem exercer funções de mínima importância para o mundo e por isso devem ser “achatados” e mal vistos pela grande maioria. Mas basta de tanto descaso e falta de justiça, isso mesmo, falta de justiça! Vou começar a explicar bem superficialmente o quanto somos injustiçados e do porque que na maioria das vezes recebemos a culpa do simples fato de tentarmos trabalhar, ou se virar, em um sistema completamente falido por anos e anos de descaso e falta de competência política. O mundo acha ate hoje que medico é um profissional que se formou tranquilamente e que já sai ganhando rios de dinheiro e assim permanece ate a sua aposentadoria, que tem uma vida ate um pouco corrida, mas que no final tem muito tempo livre, horários de lazer, é um cara que viaja o mundo com a família e desfruta de todo os momentos de alegria que a profissão pode oferecer e remunerar... Parece piada, mas não é nada assim, é completamente o contrario disso, como em nenhuma época, hoje somos ainda mais escravos da profissão, pessimamente remunerados, sem recursos para atuar e o pior, sem perspectivas de melhoras, para se ter uma idéia, ainda na faculdade já nos confrontamos com esta triste realidade ao ver nossos mestres desacreditados porque se cansaram na sua grande maioria de ver o nome da medicina associado a quase nada, e daí pra frente à coisa só se revela mais trágica. É incrível que hoje chegamos ao ponto de esmolar no congresso por um plano de reconhecimento salarial e de carreiras expondo que simplesmente não da pra sobreviver com aproximadamente R$1500,00 por mês com 40hrs semanais no atendimento ambulatorial do SUS. Que simplesmente não da para atender com dignidade nenhum paciente por míseros três reais a ficha do atendimento, que é impossível para o medico ou qualquer ser humano atender uma media de duzentos a trezentos pacientes em plantões de 12horas em prontos socorros e ainda ter o tempo adequado para valorizar todos os pontos da doença que o paciente apresente, sendo que o próprio medico muitas das vezes não tem um tempinho sequer de almoçar ou descansar alguns míseros minutos durante estas doze horas ou mais, que também é ridículo exigir ao medico diante dos fatos acima mencionado que aja com total ética e tenha uma eterna paciência quando tenha de enfrentar situações onde a população também desinformada, entra no consultório exigindo menos tempo de espera, mais prioridades para seus problemas, mais exames, mais empenho do medico em realizar ate aquilo que nem existe no sistema de saúde nacional ou que sequer esteja amparada pelo mesmo como “Quilos” de atestados médicos para coisas estapafúrdias como perder a hora do trabalho, para doenças simuladas com o intuito de ganhar o dia ou aquele feriadão na praia que não foi permitido pela empresa onde trabalha, é por incrível que pareça o medico atende muito disso na sua vida, e não estou sendo exagerado quando chego a afirmar que na verdade o que ele mais enfrenta é este fato no SUS e convênios. É incrível como a população banaliza o sistema publico de saúde com estas atitudes, simplesmente ignora o fato de que lotando as filas de hospitais com esta postura, ele próprio esta causando mais desgaste ao sistema que uma hora ele ira precisar de verdade, mas ai do medico se ele tentar expor isso ao paciente que claramente esta fazendo uso indevido do sistema publico de saúde para benefícios próprios, pior ainda se o fato ocorrer no sistema de saúde particular ou de convênios, nesta hora é que o medico se torna mesmo uma espécie de empregado do paciente conveniado e tem de realizar todos seus desejos, já não bastando a todos os médicos serem explorados e “espoliados” pelas mesmas empresas de plano de saúde que reajustam suas mensalidades em mais de 300% ao ano para os pacientes e o valor repassado aos médicos cooperativados não chega a ser reajustado nem a 10%, sendo que em alguma parte eles convenientemente se esqueceram que somos nos os médicos que permitimos a existência destas empresas. Isso sem querer me delongar e citar inúmeras outras situações como a falta de segurança no trabalho, médicos sendo agredidos, humilhados publicamente em consultórios e hospitais por estarem cumprindo com o que a legislação medica e do trabalho ordena, são inúmeras situações que levam o medico a evadir-se do SUS, milhares de médicos deixam diariamente de exercer aquilo que chegaram a pagar fortunas que nem tinham direito e que lutaram por mais de oito anos em graduação e especializações devido à falta de suporte, por acordarem deprimidos e ate mesmo em pânico de enfrentar as mesmas situações irresolúveis todos os dias, quantos médicos estão cada vez mais na posição de pacientes com doenças como a depressão, síndrome do pânico e tantas outras advindas do estresse, quantas clinicas de reabilitação já não tem em suas enfermarias médicos que se entregaram ao álcool e outras formas de escape dos problemas devido a uma vida profissional desgastante e cada vez menos reconhecida? Não da pra enumerar estes números, mas posso afirmar que esta alarmante, e se é isso que a mídia, os nosso deputados e senadores querem que continue com seu conveniente silencio, posso afirmar que já estão conseguindo, logo a classe estará tão achatada que as pessoas de bem que ainda reconhecem no medico uma pessoa que passou a sua vida trabalhando com a pior face da existência humana que é a doença e que ainda sim optou a continuar nessa estrada porque ama o que faz e percebe que não tem preço a vida e a saúde de seus pacientes, logo esta pessoas também não terão mais aquele profissional que um dia foi uma pessoa respeitada e que na maioria das vezes era amigo de seus pacientes, talvez irão encontrar um profissional amargo e que tem medo de seus pacientes ou de suas reações. Esta na hora destas pessoas também enxergarem o abismo em que nos encontramos, esta na hora de nós médicos rompermos com a velha máxima de que somos desunidos começarmos a nos unir e expor a cada pessoa do mundo a verdadeira culpa e os culpados de tudo isso que esta por ai, esta na hora de esclarecer aos pacientes que somos tão injustiçados como eles os são pelo governo, que também padecemos pelos mesmos descasos que eles. Que não somos os inimigos e sim os mocinhos, que só tentamos ajudar a suas famílias a viver e ter saúde plena através de nossos conhecimentos, nada mais. Queremos ser valorizados, apenas isso, nada mais que isso... Esse é meu desabafo.
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